quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Feito lobo, feito Filípides

Fazia um tempo que não sentia uma vontade extrema de correr. Não falo de vontade normal, nem de correr pra aliviar estresse. Era uma vontade extrema, absurda quefazia minha mente ignorar até a música em meus ouvidos, o mundo. Tudo e qualquer coisa. A luz do sol, problemas, alegrias. Tudo. Uma vontade extrema de correr acima do meu limite, de feito um lobo uivar pra lua, grunhir na subida de uma ladeira, de morder se fosse possível, o asfalto a minha frente e parti-lo em dois. Como um lobo uivando pra lua, sem o menor motivo de saber porque , apenas como um lobo. Vontade extrema de bater meu record, de fazer tudo acabar ali mesmo devido a todo meu extremo esforço. De imitar Filípides que ultrapassou seus limites e chegou ao fim. Corri acima do meu limite, subi a ladeira como fosse um lobo uivando pra lua, aumentando as passadas de acordo com o aumento do esforço de terminar a subida, quanto mais ingrime, mais forçava meus limites. Cansado e exausto e ainda uma reta na minha frente. Imaginando Filípides e um lobo ao meu lado, forcei o meu limite máximo e corri. Corri grunhindo e querendo gritar não de dor, mas sim de liberdade, de poder ultrapassar as convenções, mesmo que seja só possível correndo. O record não foi batido. Mas como um lobo que não precisa explicar porque uiva pra lua e diferente de Filípides em sua chegada, forcei meus limites apenas porque precisava , a diferença, é que continuo aqui. Querendo continuar a correr até minha última corrida, mesmo sem records, sem explicações.


PS: Antes achava que o nome do corredor que correu para avisar Esparta da chegada dos Gregos se chamava Marathon, mas na verdade, Maratona, é o nome da cidade onde ocorreu a batalha.